Painel Dúvidas do Cirurgião Refrativo
03/12/2019
Tenho ceratocone, por que não consigo usar meus óculos?
10/01/2020
O paciente portador de ceratocone possui uma córnea mais elástica do que pacientes que possuem córneas normais e saudáveis. Isso faz com que a córnea (parte mais externa dos nossos olhos) enfraquecida adquira um formato pontiagudo ou cônico.
Esse processo, leva à uma deformidade da córnea e consequentemente dificuldade de visão mesmo com os óculos, devido a distorção da imagem, geralmente causado por astigmatismo elevado. Outra característica da visão do paciente portador de ceratocone é o borramento da visão ao redor da luz, bem como a flutuação da visão devido à maior elasticidade da córnea.
Visão do paciente com Ceratocone em estágio avançado
Prevalência, causa e doenças associadas
De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), de 4 a 600 pessoas dentre 100.000, desenvolvem o ceratocone. Existe o caráter genético da doença, porém o fator ambiental também contribui para a alteração da espessura e formato da córnea, tornando-o semelhante a um cone. Dessa forma, deve-se ter atenção redobrada se existe o histórico na família dessa doença.
Algumas doenças como Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Marfan podem estar associados à ocorrência do ceratocone. A alergia ocular e sistêmica também esta associada a essa doença, inclusive o hábito de coçar os olhos é um dos fatores que pode desencadear a doença e contribuir para sua piora.
Diagnóstico
O diagnóstico se faz através da presença de alterações da curvatura da córnea que pode ser realizado através da Ceratoscopia Computadorizada (Topografia de córnea) ou da Tomografia de Córnea, uma espécie de fotografia da córnea traduzida em escala de cores e números, de forma a dar informações a respeito da curvatura desse órgão. O afinamento da córnea é outro sinal comumente presente nos pacientes, podendo ser identificado a partir da Paquimetria Corneana. Outras alterações, como as aberrações ópticas de alta ordem podem estar associadas, o Coma e o Trefoil são as mais características nesses pacientes e são diagnosticados através da Aberrometria de Córnea.
Esses exames são essenciais para um diagnóstico apurado, para que se possa classificar a doença, estabelecer um plano de tratamento e monitorar a evolução da doença. O diagnóstico precoce na maioria das vezes, garante uma maior possibilidade de tratamentos. Porém não garante que a doença não evolua, mas aumenta a chance de que tratamentos que impeçam a evolução possam ser realizados.
Progressão do ceratocone demonstrada por análise tridimensional da córnea.
Tratamento
O tratamento do Ceratocone varia conforme o estágio da doença e a ocorrência de evolução da doença ou não. Os exames complementares diagnósticos (Topografia de córnea, Tomografia de córnea, Paquimetria e Aberrometria) permitem o estadiamento da doença (classificação) para que possa ser adotada uma conduta individualizada para cada caso. O ceratocone não tem cura, porém são diversos os tratamentos disponíveis:
• Óculos
• Lentes de contato
• Anel Intracorneano
• Cross-linking da córnea
• Transplante de córnea
A doença se comporta de maneira muito diferente de pessoa para pessoa, sendo a idade, valores de curvatura da córnea, valores de espessura de córnea, o grau do paciente, ocorrência de cicatrizes na córnea, presença de aberrações ópticas corneanas, presença e controle adequados de alergia ocular fatores decisivos no tratamento do ceratocone.
Se você tem ceratocone ou possui a suspeita dessa doença, procure seu médico especialista em córnea para que haja uma conduta adequada do seu caso. Atualmente, a oftalmologia já dispões de inúmeros recursos e felizmente, apenas cerca de 10% dos pacientes precisarão do transplante de córnea.
